STJD adia julgamento do São Paulo por cânticos discriminatórios no clássico contra o Corinthians
Processo foi baixado em diligência para buscar dados com o Corinthians; Procuradoria defende perda de mando de campo
17/10/2025 18:39 - Atualizado 17/10/2025 18:43

Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
O São Paulo terá de aguardar para conhecer o desfecho do processo no STJD que apura cânticos discriminatórios com cunho homofóbico entoados por torcedores no clássico contra o Corinthians. Em sessão da Segunda Comissão Disciplinar nesta sexta-feira (17), o colegiado decidiu adiar a análise do caso e baixou o processo em diligência para a coleta de informações adicionais junto ao clube alvinegro. O episódio ocorreu em 19 de julho, no Morumbis, durante o Majestoso, e motivou denúncia da Procuradoria com base no artigo 243-G do CBJD, que trata de ato discriminatório praticado em competição.
A Procuradoria sustentou que o conjunto de provas anexado aos autos indicaria gravidade do episódio e defendeu a aplicação de sanção esportiva mais rígida ao São Paulo. No entendimento do órgão, a simples multa não teria caráter pedagógico suficiente. Em sustentação oral, o Procurador Leandro Rosa afirmou: “Há um amplo conjunto de provas nos autos, incluindo links e documentos, que demonstram a gravidade da conduta. Infelizmente, esse tipo de comportamento tem se proliferado, criando a impressão de que o futebol é espaço livre para manifestações discriminatórias. O Corinthians e o Palmeiras já sofreram punições semelhantes neste ano. A Justiça Desportiva agora tem a oportunidade de aplicar uma penalidade pedagógica. A Procuradoria recomenda, inclusive, a perda de mando de campo, pois multa sozinha tem se mostrado insuficiente”.
STJD adia julgamento e pede dados ao Corinthians
A defesa tricolor contestou a denúncia e solicitou o arquivamento. Representado pelo advogado Pedro Moreria e pelo gerente jurídico Felipe Carvalho, o clube alegou ausência de elementos que comprovem a vinculação dos registros audiovisuais ao jogo citado, além de apontar que a equipe de arbitragem não reportou no súmula qualquer ocorrência relacionado ao tema. Em sua manifestação, a defesa declarou: “O São Paulo jamais foi denunciado por homofobia neste tribunal. Não há provas que vinculem os vídeos à partida em questão. Nenhum registro indica data, placar ou presença do Corinthians em campo. Vivemos uma era de inteligência artificial, em que áudios e vídeos podem ser manipulados. Além disso, o árbitro Anderson Daronco afirmou que não ouviu tais cânticos. Por isso, solicitamos a inépcia da denúncia e afastamento do pedido de perda de mando de campo, considerando que o clube é primário e não possui histórico de incidentes desse tipo”.
Após ouvir as sustentações, os auditores deliberaram pelo adiamento do julgamento para que a Secretaria do STJD oficie o Corinthians e obtenha complementações sobre os fatos. O procedimento, classificado como “baixado em diligência”, antecede a retomada do caso na Segunda Comissão Disciplinar. A sessão que voltará a apreciar o processo ainda não tem data confirmada. Até lá, o processo segue em fase de instrução, e eventuais elementos encaminhados pelo clube rival serão anexados aos autos para nova análise do colegiado.
Próximos passos e possíveis punições ao São Paulo
O desfecho pode resultar em punições que incluem sanções esportivas e financeiras, a depender do entendimento dos auditores quando o caso retornar à pauta. A Procuradoria defende a perda de mando de campo, tese que acompanha o argumento de que apenas multa não teria efeito preventivo suficiente. A defesa do São Paulo, por sua vez, insiste na inépcia da peça acusatória e no afastamento da penalidade de mando, ressaltando a inexistência de registros oficiais na súmula e a ausência de comprovação pericial que conecte os materiais de vídeo à partida de 19 de julho. A retomada do julgamento ocorrerá na próxima sessão da Segunda Comissão do STJD, após a chegada das informações solicitadas ao Corinthians.