John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, detalhou os motivos que levaram à demissão do técnico Renato Paiva após a eliminação do clube para o Palmeiras na Copa do Mundo de Clubes. Em entrevista ao “TalkSPORT”, Textor afirmou que a decisão foi tomada porque o treinador português se afastou do seu princípio de jogo posicional, adotando uma postura mais defensiva.

“Por que demitimos Renato Paiva depois que ele acabou de vencer o PSG? Ele quebrou os próprios princípios. Ele se afastou do seu plano”, explicou Textor. O empresário americano ressaltou que Paiva foi contratado por sua expertise em “cinco linhas verticais de espaçamento” e por ser um “treinador posicional”, capaz de educar os jogadores sobre o posicionamento em campo. No entanto, a pressão da torcida e a sequência de dez jogos com uma abordagem mais defensiva levaram à mudança. “Começou a quebrar os princípios dele, começou a ficar na defensiva. Estávamos jogando na defensiva. Deveríamos ter vencido o Atlético de Madrid. Deveríamos ter vencido o Palmeiras. Somos um time melhor que o Palmeiras. Quando ele quebra os próprios princípios… E isso foram dez jogos de desenvolvimento. A decisão foi tomada ao longo de dez jogos”, argumentou Textor.

Mudança de Filosofia e Pressão Externa

Textor enfatizou que a mudança na postura tática de Paiva foi o principal fator para a demissão. Ele citou um diálogo com o treinador antes do jogo contra o Palmeiras, onde questionou a abordagem defensiva. “Eu disse a ele, treinador, qual foi o melhor jogo que você já jogou na sua vida como treinador? Ele disse, bem, PSG. Eu pergunto: qual você acha que foi o meu melhor jogo como dono? E ele começa a olhar. E eu digo: PSG. Eu pergunto: mas aqui não é o PSG. Vocês vão jogar contra o Palmeiras hoje. É hora de jogar futebol. Então, vão lá e detonem, certo? O que a gente faz? Ficamos sentados assistindo eles avaçarem. Então, durante dez jogos, ele ficou cada vez mais na defensiva. Ele estava quebrando seus princípios. E quando você quebra seus princípios, você tem que ir embora”, relatou o proprietário.

Apesar da decisão, Textor elogiou Renato Paiva, classificando-o como um “treinador incrível”, mas reiterou a importância de manter-se fiel aos princípios. Ele também mencionou a intensidade da torcida brasileira como um fator de pressão. “Ele não pode deixar a torcida gritando no Brasil. Quer dizer, eles são brutais”, comentou. A decisão de demitir Paiva não foi impulsiva, mas sim o resultado de uma análise de dez jogos, observando a trajetória do trabalho. Textor afirmou que não toma essas decisões individualmente, mas sim em conjunto com o departamento de futebol do clube.

O “Botafogo Way” e a Coerência Tática

A filosofia do “Botafogo Way” foi um ponto crucial na explicação de Textor. Ele destacou que o clube busca jogadores com perfil inteligente, técnico e rápido, que promovam um futebol ofensivo e dinâmico. “Queremos que a bola se mova loucamente. Queremos que a defesa fique atordoada, desorientada. Queremos conseguir criar espaços, certo? Essa é a nossa filosofia, o Botafogo Way”, explicou. A expectativa é que todos na organização, incluindo o treinador, estejam alinhados com essa filosofia.

Quando um treinador é contratado e concorda com essa abordagem, mas depois começa a ir na contramão, o departamento de futebol intervém. “Eu tenho que julgar as pessoas com base no que você me trouxe. Você está se mantendo fiel aos seus princípios? Você está executando seus princípios? Porque toda a organização está tentando se formar em torno de um técnico e chegar a um acordo. Claro. Você está recrutando jogadores no Botafogo, com perfil inteligente, técnico e rápido. Rápido com a bola, rápido com os pés. Queremos que a bola se mova loucamente. Queremos que a defesa fique atordoada, desorientada. Queremos conseguir criar espaços, certo? Essa é a nossa filosofia, o Botafogo Way. Então, estamos todos de acordo com isso. E quando o treinador chega, e ele concorda, e nós o contratamos, e há uma partida, e aí ele começa a ir na contramão. Todo o departamento de futebol vem até mim e diz: temos que fazer alguma coisa. Eu fiz”, concluiu Textor. Renato Paiva comandou o Botafogo em 23 jogos, com 12 vitórias, três empates e oito derrotas.