Botafogo e Artur Jorge encerram vínculo vitorioso repleto de ruídos
Entenda como posturas de clube e treinador culminaram no desgaste da relação de 9 meses
29/12/2024 10:26
O que tinha tudo para ser o casamento perfeito, termina em rusgas e uma “guerra fria” para ambos os lados. Este é o triste desfecho da relação entre Botafogo e Artur Jorge. O treinador decidiu aceitar a proposta do Al-Rayyan, do Catar, e deixar para trás toda a história gloriosa construída recentemente com títulos do Brasileirão e da Libertadores. Entenda a partir de agora como tudo isso se desenrolou na iminente saída do técnico português.
Retornamos a outubro, véspera da primeira partida das semifinais contra o Peñarol, no Nilton Santos. Foi neste momento que o staff de Artur Jorge recebeu o contato do Al-Rayyan, sinalizando que faria uma oferta bem interessante financeiramente. Este, aliás, foi um dos pontos que causou ruídos na relação clube e treinador.
O empresário do treinador, Hugo Cajuda, afirma que o Botafogo foi avisado de imediato sobre o interesse da equipe catari. Já o clube diz não ter sido comunicado. Porém, houve essa comunicação dos agentes do técnico com a diretoria alvinegra, porém não houve oferta formalizada por parte do Al-Rayyan. Sendo assim, não houve comunicação formal entre os clubes. Como o acordo de Artur previa multa de 2 milhões de euros (R$ 12 milhões), bastava o pagamento do valor para a liberação do técnico.
Distanciamento e pouca procura
Nos meses que se seguiram o afastamento de treinador e clube foram cada vez maiores, com pessoas do entorno de Artur Jorge entendendo que os dirigentes do Botafogo estavam com uma postura muito passiva, mesmo ciente do interesse de outras equipes, criava a sensação de que não havia grande interesse na permanência do treinador.
O projeto esportivo do clube catari, oitavo colocado no campeonato local, ainda não convencia muito o treinador português, porém, com a proposta em mãos, começou a fazer sinalizações, muitas delas públicas, de que só permaneceria no Botafogo, caso houvesse um aumento salarial considerável. Lembrando que Artur Jorge já havia se incomodado ao saber que recebia menos que os compatriotas Luís Castro e Bruno Lage, quando treinaram o Alvinegro.
Caso a pedida salarial fosse atendida, Artur Jorge garantia que permaneceria no Botafogo, mas a conversa com John Textor nunca aconteceu, apesar de o técnico ter conversado com membros da diretoria do clube.
O Botafogo estava disposto a aumentar a multa e a duração do contrato do treinador, porém entendia que o valor recebido em bônus pelas conquistas da Libertadores e do Brasileirão, cerca de R$ 17 milhões, era suficiente na parte financeira. No entanto, a impressão no clube era de que o português já havia decidido deixar o Brasil ao fim da temporada.
Após a eliminação no Intercontinental, para o Pachuca, o treinador não fez questão de esconder que estava lendo detalhes do contrato e do elenco do Al-Rayyan. Para tornar ainda mais público este desconforto, Artur Jorge sempre deixava o futuro em aberto, sem garantir que ficaria ou sairia, causando muita irritação no Botafogo.
A comunicação repleta de ruídos e cordas esticadas em público põe fim a uma relação vitoriosa de 9 meses de duração. Lembrando que o possível novo treinador terá pouquíssimo tempo para implantar seu estilo de jogo e aprontar o time para as disputas da Supercopa Rei, antiga Supercopa do Brasil, no dia 2 de fevereiro, contra o Flamengo, e da Recopa Sul-Americana, nos dias 21 e 28 de fevereiro, contra o Racing, da Argentina. Isso sem contar o Campeonato Carioca que já estará em andamento.