Presidente do Corinthians fala em “golpe” sobre votação de impeachment
Augusto Melo acusa votação de "desrespeito ao clube"; entenda o caso
21/11/2024 21:56 - Atualizado 21/11/2024 22:33
Conselho do Corinthians agenda reunião para decidir sobre impeachment de Augusto Melo
O presidente Augusto Melo, do Corinthians, se manifestou de forma enfática contra a votação de seu impeachment no Conselho Deliberativo. O mandatário classificou a decisão de Romeu Tuma Júnior, que preside o órgão fiscalizador, como “golpe”, já que alega que não teve seu direito de defesa garantido.
Na visão de Augusto, o processo em andamento é um “desrespeito” ao clube.
“Essa situação é um desrespeito e um afronto à Instituição. Um presidente ser impeachmado sem a chance de defesa é a prova da falta de democracia, que nós corinthianos defendemos”, escreveu Augusto.
Augusto também defende que a decisão de marcar a votação do impeachment no próximo dia 28 (quinta-feira) vai conturbar a equipe na reta final do Campeonato Brasileiro, assim como o planejamento para a temporada de 2025.
O presidente do Timão alega que não há provas contra seu mandato. O dirigente relembra que a Comissão de Ética do Conselho recomendou que o processo em relação ao “caso VaideBet” fosse arquivado até a conclusão da apuração da Polícia Civil.
“Não admitirei que cassem o meu mandato sem que tenha sido garantido o meu direito de defesa. Tenho a certeza que a verdade prevalecerá e que todos aqueles que querem impedir a profissionalização do Corinthians serão derrotados”, comentou Augusto.
Veja a nota oficial de Augusto Melo, presidente do Corinthians:
“Recebi com indignação a convocação realizada pelo presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Corinthians Paulista para votar o processo de impeachment contra mim.
É de conhecimento público que o entendimento da Comissão de Ética foi de que o processo deve ser suspenso até a conclusão da apuração dos fatos envolvendo o caso Vai de Bet na Polícia Civil.
Destaque-se ainda que o processo de impeachment conturba o ambiente em reta final do Campeonato Brasileiro e compromete completamente o planejamento para o ano de 2025, trazendo danos irreparáveis para a instituição Corinthians.
Não admitirei que cassem o meu mandato sem que tenha sido garantido o meu direito de defesa. Tenho a certeza que a verdade prevalecerá e que todos aqueles que querem impedir a profissionalização do Corinthians serão derrotados.
Essa situação é um desrespeito e um afronto à Instituição. Um presidente ser impeachmado sem a chance de defesa é a prova da falta de democracia, que nós corinthianos defendemos.
Ressalto aqui que a condenação sem provas é considerada golpe e todos aqueles que pensam em tomar o poder sem o voto direto dos associados serão cúmplices disso.
Augusto Melo”.
Votação de impeachment no Conselho do Corinthians
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, marcou a reunião de votação do impeachment de Augusto Melo. Os conselheiros do clube vão definir no próximo dia 28 (quinta-feira), no Parque São Jorge, se concordam ou não com a destituição do mandatário corintiano.
A primeira chamada da convocação será às 18 horas (de Brasília), enquanto a segunda será às 19 horas.
Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto, o presidente será afastado imediatamente do cargo. Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube, assumiria a função de forma temporária. A votação no Conselho será secreta.
Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube. Segundo apuração da Gazeta Esportiva, a Assembleia só deve ocorrer em 2025, ainda sem data definida.
Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.
Se não aprovar o impeachment, o Conselho Deliberativo encerrará o assunto. Isso, no entanto, não exclui a possibilidade de um novo processo de afastamento no futuro.
Entenda os motivos para um impeachment no Corinthians
No último dia 12 de agosto, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, a Comissão de Ética ouviu Augusto e outras pessoas ligadas à gestão.
Além do presidente, a comissão investiga internamente: Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol).
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.
O “Movimento Reconstrução SCCP” obteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para envio da solicitação ao presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube. Também a Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
- “Laranja” na intermediação da VaideBet.
- Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
- Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
- Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.
- Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes”. Ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido:
“ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.